Entre os dias 15 e 19 de setembro, foi realizada a XXI Semana Filosófico-Teológica, com o tema “Entre o desespero e a esperança: seria a esperança uma ilusão?”. O evento contou com conferências, apresentações culturais e reflexões que integraram filosofia e teologia, convidando os participantes a aprofundar a compreensão da esperança como virtude essencial para a vida humana e cristã.
Na abertura solene, o arcebispo refletiu sobre a esperança como uma “paciência inquieta”, vinculada às clássicas questões kantianas: O que posso saber? O que devo fazer? O que me é permitido esperar? A noite também foi marcada pela apresentação do Conservatório Musical Lobo de Mesquita, proporcionando aos presentes momentos de sensibilidade e encantamento.
Na conferência, o Professor Doutor Rodrigo de Oliveira destacou a condição do homem contemporâneo. Ele chamou atenção para os jovens e famílias fragmentadas, muitas vezes reduzidos à lógica do mercado e da técnica, o que acentua a fome espiritual e pode levar tanto à esperança quanto ao desespero. Ressaltou ainda o papel decisivo de professores, sacerdotes e famílias na formação integral do ser humano.
O segundo encontro foi aberto com a declamação do poema “Esperança Invencível”, do Padre Júlio César Morais, realizada pelo seminarista Silvio. O momento poético preparou os participantes para a conferência, envolvendo-os com a força da palavra e da sensibilidade literária.
Em seguida, o Professor Doutor Dom Lindomar Rocha Mota, bispo da Diocese de São Luís dos Montes Belos (GO), abordou o tema “Esperando com Esperança”. Ele destacou a dimensão filosófica da esperança presente em pensadores gregos e em Kant, que se perguntava: “O que posso eu esperar?”. Integrando filosofia e teologia, apresentou a esperança como a menor das virtudes teologais, mas essencial no presente. Para o bispo, a esperança não é uma ilusão, pois o Espírito Santo já nos foi dado como penhor desta esperança, conforme ensina o Apóstolo Paulo.
O terceiro dia teve início com a apresentação do grupo de flautas do Conservatório Estadual Lobo de Mesquita, que interpretou obras de Jean Batiste Loillt, Sammartini e Pierre Prowo. O momento cultural enriqueceu a noite, oferecendo beleza musical e sensibilidade artística aos presentes.
Na sequência, o Padre e Doutor Júlio César Moraes apresentou o pensamento de Søren Kierkegaard, considerado o pai do existencialismo. Para o filósofo, o desespero é condição inerente ao ser humano, e a angústia, ao confrontar o vazio existencial, pode tornar-se caminho para a fé. A esperança, nesse sentido, surge de forma paradoxal: somente pela fé e no movimento de resignação infinita é possível atravessar a angústia da existência e reencontrar a esperança.
A quarta noite iniciou-se com a recitação do conto “Uma Esperança”, de Clarice Lispector, realizada pelo seminarista Yuri. O texto literário levou os presentes a refletirem sobre como, mesmo na linearidade da vida, pode brotar uma centelha de esperança.
Logo após, o Professor Doutor Mons. Luiz Antônio Reis Costas iniciou sua conferência lembrando a frase de Bartolomeu Campos de Queirós: “A beleza é tudo aquilo que você não dá conta de ver sozinho”. Em sua reflexão, destacou que a esperança, embora muitas vezes considerada a “irmã pobre” entre as virtudes teologais, possui dimensão relacional, abrindo o ser humano ao próximo. Ressaltou ainda que ela é fundamental na vida cristã, pois conduz à participação na natureza divina e ao seguimento de Cristo.
O encerramento, na quinta e última noite, foi conduzido pela Prof. Dr.ª Irmã Rosana Araújo Viveiros, que apresentou o tema “A centralidade da esperança no pontificado do Papa Francisco”. Com sensibilidade e profundidade, ela mostrou como o Papa Francisco entende a esperança cristã como força transformadora, capaz de dar sentido à vida e gerar uma conversão existencial em todos os níveis.
Inspirados pela passagem de Rm 5,5, os participantes foram chamados a viver a esperança como dom de Deus, que se concretiza na solidariedade e na construção de uma Casa Comum, onde ninguém é excluído. A conferência encerrou a Semana destacando a esperança como horizonte vital da fé cristã e desafio para o nosso tempo.
Assim, a XXI Semana Filosófico-Teológica proporcionou uma reflexão profunda sobre o papel da esperança na vida humana e cristã. Entre música, literatura, filosofia e teologia, destacou-se que a esperança não é ilusão, mas força vital capaz de sustentar o ser humano diante do desespero, guiando-o na construção de uma vida mais plena, solidária e espiritual. O evento reafirmou a necessidade de cultivar a esperança em nós mesmos, nas famílias e na sociedade, como caminho de fé, solidariedade e discernimento para enfrentar os desafios do tempo presente.
Confira alguns registros da nossa semana de reflexoões: