Hoje celebramos a memória de São Luís Gonzaga, padroeiro dos seminaristas. Nessa ocasião, celebramos também o dia do seminarista. A vida de São Luís Gonzaga reúne aquilo que é o ideal do jovem vocacionado, a doação sem reservas a Deus e aos irmãos, a paixão pelo chamado e o desapego pela proposta do mundo. Em São Luís podemos entender que vocação é sempre abrir mão das próprias seguranças e caminhar rumo ao extraordinário desconhecido.
Tendo nascido em 1568 na cidade de Castiglione delle Stiviere, o jovem Luís Gonzaga era nobre, filho de um príncipe do Sacro Império Romano Germânico. Sua infância foi marcada pelo cintilar das espadas e pelo brilho das armaduras, isso fazia parte da educação concedida por seu pai, que via seu filho como seu natural sucessor. Por outro lado, sua mãe, mulher de piedade, zelou para que o filho recebesse exímia educação católica, e através de seus esforços foram lançadas no coração do infante São Luís as primeiras sementes do amor a Deus.
O momento essencial para compreender o chamado de São Luís Gonzaga é o auge de sua experiência com Cristo, ao receber a primeira eucaristia das mãos de São Carlos Borromeu. Nesse ponto, são Luís sente em seu coração a primeira inquietação vocacional. Pela força do Espírito Santo, o nosso jovem santo é impelido a descobrir a vontade de Deus para sua vida.
Sua história vocacional é semelhante a de muitos jovens vocacionados. Ao manifestar a família seu desejo de adentrar a ordem jesuíta e tornar-se sacerdote, São Luís Gonzaga enfrenta grande oposição. Certamente esse não era o destino almejado para aquele jovem promissor, herdeiro de muitas terras e abundantes tesouros. Contudo, ele era firme em sua convicção, em seu coração havia a força que provém do Espírito, inspirando-o a responder com firmeza: “Busco a salvação! Busquem-na vocês também!”
Para compreender a natureza do chamado e a firmeza necessária àqueles que são convidados, lembremos de uma parábola de Jesus na qual se compara o reino do céu a uma pérola de grande valor; “O Reino dos Céus é ainda semelhante a um negociante que procura pérolas preciosas. Encontrando uma de grande valor, vai, vende tudo o que possui e a compra.” Mateus 13,45-46. Ao pensarmos na vida do jovem santo, percebemos que este é como o homem da parábola. A verdadeira preciosidade muitas vezes escapa aos olhos, no entanto, o olhar puro de São Luís Gonzaga é capaz de percebê-la.
Por meio de seu testemunho, podemos compreender que vocação não é tão somente um capricho, como um desejo de fazer determinada função, ou buscar prazer e autossatisfação. Vocação é uma eleição para gastar a vida. Somente assim a vocação pode realizar-se. “E mais ainda: considero tudo uma perda, diante do bem superior que é o conhecimento do meu Senhor Jesus Cristo. Por causa dele perdi tudo, e considero tudo como lixo, a fim de ganhar Cristo,” Filipenses 3,8.
“Como os outros.” Esse foi o lema escolhido pelo jovem São Luís Gonzaga. Os títulos e palácios ficaram para trás. O jovem santo descobriu, afinal, o tesouro que lhe custou todos os bens terrenos. Sua morte se deu em decorrência de sua doação. Aos vinte e três anos, enquanto socorria doentes acometidos por doenças contagiosas, acabou também por se tornar uma vítima.
Eis o testamento espiritual deixado por esse grande santo aos seminaristas, de quem é padroeiro. Contemplando suas virtudes heroicas, somos convocados a reafirmar nosso sim ao Senhor. A vocação é chamado e deve ser atendido em nosso dia a dia. Ser vocacionado a vida sacerdotal é dom de Deus, e devemos recebê-lo em nossa vida com gratidão. Isso nos ensina São Luís Gonzaga: “Ao meditar na bondade divina, minha mente se perdeu neste mar sem fim e sem confins. Não consigo entender como o Senhor se dignou a olhar para a minha pequena e breve lida, recompensando-me com o descanso eterno, convidando-me do céu para esta felicidade que, até agora, pedi com negligência; como ofereceu a mim, que derramei pouquíssimas lágrimas por Ele, aquele tesouro que coroa grandes lutas e prantos”
São Luiz Gonzaga, rogai por nós!