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Sagrado Coração: Símbolo e imagem do infinito amor Divino

Sagrado Coração: Símbolo e imagem do infinito amor Divino

Por pe. Gilmar Boaventura

A devoção ao Sagrado Coração de Jesus é uma prática cristã que nasceu na segunda metade do século XVII, tendo como referência as revelações de Jesus a Monja Visitandina Margarida Maria Alacoque. Porém, as estirpes dessa devoção são encontradas nas Sagradas Escrituras, onde o Coração é visto como símbolo nuclear do amor Divino. É quase consensual que, em diversos lugares do mundo, o Coração simboliza a intimidade mais pessoal, como também, conhecimentos, afetos, emoções e capacidade de amar. Para além de qualquer concepção científica, a sensibilidade do coração exprime conhecimento e amor. O que é mais íntimo e profundo de uma pessoa brota do “fundo do coração”. “por isso, é inevitável que, ao longo da história, o coração tenha alcançado uma força simbólica única, que não é meramente convencional” (D.N 53).

No Coração de Jesus confiamos a Igreja sacramental, porque do seu Coração aberto pela lança, brota uma fonte torrencial de misericórdia, que é capaz de nos purificar das nossas máculas e das infâmias de toda a humanidade. No aconchego do Coração de Jesus se encontram todos nós. Essa imagem do Coração representa o amor humano e divino de Jesus Cristo e o núcleo mais íntimo de sua Pessoa. Desde o Primeiro Testamento da Bíblia encontramos descrições que expressam esta imagem do coração: “guarda o teu coração acima de tudo, porque dele provém a vida”. (Pr 4,23).

Falar do Sagrado Coração de Jesus é falar do próprio Cristo, Deus e homem, que se oferece a nós na plenitude do seu amor. Através da devoção ao Sagrado Coração de Jesus nós contemplamos as profundezas do mistério da encarnação de Cristo, o verbo divino que assume a condição humana, a humanização do Coração divino para humanizar o coração humano. Ação compassiva de Deus nos mostrando que o Coração de Jesus é para a humanidade, manifestação do Coração Humano de Deus Uno e Trino. “Cristo mostra que Deus é proximidade, compaixão e ternura” (D.N 35). Ainda nos recorda o Papa Francisco: “a ternura de Deus não nos ama com palavras: aproxima-se de nós e, estando perto, dá-nos o seu amor com toda a ternura possível” (D.N 36). Ser devoto do Sagrado Coração de Jesus é o mesmo que centrar a fé no Deus que ama.

Deus é amor e age por amor. Só podemos corresponder a esse amor, amando com a mesma medida que Ele nos amou. O auge da prova do amor de Cristo foi o traspassamento do seu Coração no alto da Cruz, mesmo com o Coração ferido, não deixou de nos amar porque Ele é ‘amor que ama’. Os primeiros cristãos nos ensinam a contemplar o Coração transpassado de Cristo como símbolo do amor. Toda a humanidade é chamada a mergulhar na espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus, crendo que, em um rasgo de Amor, Jesus venceu o rasgo do pecado que arrasava os corações humanos. Tudo isso pode parecer um romanticismo religioso. No entanto, é o que há de maior profundidade. “não se trata de algo superficial, não é puro sentimento, não é uma alienação espiritual. É amor” (D.N 46). É amar e sentir-se amado.

Podemos demonstrar o nosso amor a Jesus Cristo através da nossa prática devocional ao Sagrado Coração, como na comemoração da festa litúrgica que ocorre anualmente na segunda sexta-feira após a solenidade de Corpus Christi, também na prática das nove primeiras sextas-feiras de cada mês, oferecendo a Comunhão Eucarística com o objetivo de reparar os sacrilégios cometidos contra o Coração de Jesus e na adoração eucarística tornando-nos mais íntimos d’Ele. Esses exercícios são importantes formas de levar os fiéis a uma maior intimidade com Jesus e a uma vida mais santa, experimentando o seu amor e a sua misericórdia. Assim como a Virgem Maria guardava tudo no Coração, deixemos que o amor divino habite em nós.

Autor: Pe. Gilmar Boaventura Campos

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