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Boletim Mensal da Guarda de Honra: “Caridade: A fornalha do amor de Deus”

Boletim Mensal da Guarda de Honra: “Caridade: A fornalha do amor de Deus”

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS, FONTE DE CARIDADE

A espiritualidade do Sagrado Coração se encontra ligada de maneira muito estreita à Eucaristia, corpo e sangue de Cristo, na contemplação de um coração que é divino e humano. É importante salientar isso para reafirmar que a fé em Jesus Cristo não é simplesmente uma doutrina abstrata, ou uma convicção privada, que dê uma sensação de bem-estar, mas o encontro com uma pessoa que muda o nosso jeito de ser e viver. Esse encontro se dá, por excelência, na Celebração Eucarística, pela qual é possível ouvir a Palavra de Deus e fazer comunhão com Ele.
“a fé em Jesus Cristo é o encontro com uma pessoa que muda o nosso jeito de ser e viver”

Uma espiritualidade verdadeiramente alicerçada no Sagrado Coração de Jesus leva à participação plena e ativa na santa missa, superando a tentação de reduzir a celebração a um mero cumprimento de um preceito ou a um simples momento sentimentalista. A Eucaristia é o fundamento e o alimento da nossa vida cristã, pois nela se dá o encontro cotidiano com o Cristo vivo, com aquele que se faz alimento para nos fortalecer. A certeza de que não é possível viver sem esse encontro transformador é apresentada através de várias testemunhas durante a história da nossa Igreja Católica, principalmente através de um grupo de mártires do século IV, na Abitínia, que, interrogados por um juiz romano, disseram: “sine dominico non possumus – Sem o domingo não podemos viver”. Esses mártires não puderam deixar de celebrar a Eucaristia, mesmo diante das perseguições, pois sabiam e viviam profundamente aquilo que rezava o salmista: “vosso amor vale mais do que a vida” (Sl 62,4).

Nesse ínterim, o que dá sentido à vida cristã é o amor de Deus manifestado em Jesus até às últimas consequências. Esse amor continua presente no sacramento da Eucaristia, chamado de sacramento da caridade, do amor. No pão e no vinho consagrados, vemos substancialmente presente aquilo que é representado simbolicamente no Coração Sagrado de Jesus: a proximidade de um Amor que nos ama e nos transforma em pessoas cada vez mais parecidas com Ele. Esta foi a experiência de Santa Margarida, que buscava na adoração e comunhão Eucarística a íntima união com Deus. Ela experimentou, misticamente, esse amor de Jesus a tal ponto que pôde ouvi-lo dizer: “Eis o Coração que tanto amou os homens”. A partir do testemunho desta Santa, entendemos que quando vivemos esta união profunda com o Sagrado Coração de Jesus, através da Eucaristia, passamos por uma transformação interior que transborda na vida dos irmãos.
“quando vivemos esta união profunda com o Sagrado Coração de Jesus, através da Eucaristia, passamos por uma transformação interior que transborda na vida dos irmãos”

Assim, tocados pelo Coração Sagrado de Jesus, os nossos corações se tornam cada vez mais capazes de fazer a vontade de Deus, que não é outra senão a de nos tornarmos cada vez mais amorosos. Nós vivemos e acreditamos em Deus, cujo amor “abre os nossos olhos para perceber as necessidades dos irmãos e irmãs; inspira-nos palavras e ações para confortar os cansados e oprimidos; faz que os sirvamos de coração sincero, seguindo o exemplo e o mandamento de Cristo (cf. Oração Eucarística para Diversas Circunstâncias IV).

Neste mês de julho, desejamos convidar todos a voltarem o olhar para a doação de amor que Jesus faz no sacramento da Eucaristia. É esta doação que alimenta a nossa espiritualidade do Coração de Jesus, a qual nos faz perceber que “nós só perdemos aquilo que não doamos” (Cardeal Dom José Tolentino Mendonça).
Que o Sagrado Coração de Jesus, fonte de vida e caridade, renove a sua vida e conceda abundantes frutos de amor.

Pe. Darlan Lima

Diretor espiritual da Guarda de Honra

LUÍS E ZÉLIA: A IMPONÊNCIA DE UMA VIDA COMUM

Há muitas pessoas que acreditam que a santidade é um ideal muito alto e distante, alcançável somente para pessoas excepcionais – quase uma “casta espiritual” de poucos eleitos. Mas, na verdade, a realidade nos mostra o contrário: sim, a santidade é para todos, porque Deus ama a todos!
Quem nos testemunha isso é um simples casal do século XIX. Entre ponteiros e engrenagens, Luis Martin viveu uma vida santa nas ocupações do cotidiano: esposo fiel, pai dedicado, trabalhador incansável e discípulo do Evangelho. E em meio às rendas e às agulhas, Zélia Martin se destacou como esposa e mãe, mulher amorosa e zelosa pela família e pelo seu Deus.

Nascido em 1823 na cidade de Bordeaux, na França, desde criança, Luís recebeu sólida formação cristã. Também Zélia, desde o nascimento, foi educada numa família devota. No entanto, a França daquela época era marcada por influências do jansenismo, uma tendência teológica herética, fruto de um rigorismo da doutrina católica, que pregava um pessimismo quanto à salvação, como se apenas poucos escolhidos fossem salvos, fazendo parecer que todo esforço humano para uma vida reta com Deus fosse algo inútil, quase um sonho. Porém, como o Senhor não deixa seu povo cair no perigo da ilusão sombria, muitos santos surgiram nesse tempo como prova viva de que Deus ama a todos e quer que todos se salvem (1Tm 2,4).

Ambos, Zélia e Luís, haviam tentado o caminho rigoroso e austero dos conventos europeus: ele, nos Cônegos Regulares de Santo Agostinho; ela, nas Filhas da Caridade. Mas não era esse o desejo de Deus para aquele casal. O seu amor pela Igreja se manifestaria de outra forma, ao edificar uma casa de santos e de esposas para Cristo. Foi num encontro casual sobre uma ponte da cidade de Alençon que marcou para sempre os rumos de suas vidas, quando Zélia, enfim, percebeu: aquele seria o homem de sua vida.

Daquela ponte correu um rio que irrigaria multidões de corações, ainda que discretamente. E tudo começou com a aceitação e com o acerto da vocação. Deus uniu em santa união duas histórias para fecundar a própria Igreja com muitos testemunhos de fé. Do casamento nasceram nove filhos, dos quais quatro morreram prematuramente. As cinco filhas cresceram e se tornaram religiosas (entre elas, Santa Teresinha do Menino Jesus). Viviam com integridade a fé e as virtudes, participando ativamente da vida paroquial e alimentando o lar com a oração. Ambos sofreram com a enfermidade. Zélia partiu mais cedo, quando Teresinha ainda contava com 4 anos apenas, e Luís ingressou na vida eterna pouco após a entrada de Teresinha para o Carmelo, aos 15 anos.

O motor dessa vida fiel e entregue não foi outro senão o Coração de Jesus. Zélia e Luís cultivavam um grande amor e devoção ao Sagrado Coração. Luís, como membro da Guarda de Honra, cumpria fielmente o compromisso de dar glória, amor e reparação nas ocasiões mais simples do cotidiano. Interessante é notar que seu trabalho era de relojoeiro. Ao consertar os ponteiros dos relógios, não podia se esquecer de sua hora de guarda, lembrando-se de que cada segundo marcado era tempo de amar com um amor grandioso. Assim, foi o próprio Coração de Cristo, fonte de todo amor, quem esculpiu nos dois cônjuges um amor de fecundidade e fidelidade, doação e integridade, esperança e alegria.

Nessa história de amor, o que mais impressiona é a imponência de uma vida comum. Ali havia somente um casal simples e normal, trabalhador e dedicado, que vivia sua vida sem o excesso e sem a vaidade. Uma vida ordinária irrigada pelo extraordinário! Um matrimônio feliz e santo cultivado pela oração e pelo compromisso fiel. Não é por acaso que o Papa Francisco os canonizou em 2015, para lembrar ao mundo que é possível ser santo na vida comum e no matrimônio regado de amor e perseverança.

MADALENA E A HONRA DE GUARDAR O CORAÇÃO DE CRISTO

Junto a Santa Maria Madalena, aos pés do Senhor crucificado, o guarda de honra testemunha um amor arrependido no momento do abandono de Cristo. Penetrados de dor pelos seus próprios pecados, os fiéis amigos do Crucificado prostram-se diante do Coração transpassado de seu Divino Mestre, consolando-o por meio do seu amor.
Esse mesmo guarda de honra, lançado aos pés da cruz é aquele que precisa sair a correr quando vê o sepulcro vazio, como fez Madalena. Testemunhar a ressurreição do Mestre torna-se missão de primeiro valor. Nos moldes de Madalena, nossa alegria é anunciar com a própria vida que Cristo vive, pois somos testemunhas de seu amor libertador.

INFORMATIVO

No último dia 27 de junho, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, recebemos com alegria a filiação de mais um centro da Guarda de Honra. O novo grupo está na Paróquia Nossa Senhora da Conceição, de Couto de Magalhães de Minas, contando com 34 associados. Que o Coração de Jesus faça abundar os frutos de amor e reparação naquelas terras.

Também no centro de Diamantina, acolhemos com alegria o ingresso de 17 novos associados, dos quais 3 seminaristas. Seus nomes, juntamente com os do novo centro de Couto de Magalhães foram introduzidos no Quadrante da Guarda de Honra da Basílica do Sagrado Coração de Jesus.

No centro da Guarda de Recife, na Basílica do Sagrado Coração, a novena festiva em honra do Sagrado Coração de Jesus renovou a fé e a esperança dos fiéis recifenses, contando, inclusive com a participação especial das crianças do Colégio Salesiano.

Além disso, em outras localidades do Brasil se fazem solicitações para filiação de grupos ligados à Arquiconfraria. Para mais informações de abertura e acompanhamento, contate-nos pelo email: guardadehonraspscj@gmail.com.

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