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PRIMEIRA MEDITAÇÃO PASCAL: “AO TOQUE DA MISERICÓRDIA A FÉ DESPERTA”

PRIMEIRA MEDITAÇÃO PASCAL: “AO TOQUE DA MISERICÓRDIA A FÉ DESPERTA”

Por Fabrício Rodrigues:

Com grande alegria, celebramos hoje o Segundo Domingo da Páscoa, também conhecido como o Domingo da Divina Misericórdia, instituído por São João Paulo II em 30 de abril do ano 2000, a partir da vontade expressa de Jesus a Santa Faustina Kowalska, religiosa e mística polonesa. Esta celebração, situada no coração do Tempo Pascal, nos convida a mergulhar no mistério do Ressuscitado, que se revela como fonte inesgotável de misericórdia.

A cena apresentada no Evangelho de hoje (João 20,19-31) nos conduz ao Cenáculo, onde os discípulos, ainda tomados pelo medo e pela desolação diante de tudo o que havia, há pouco, acontecido com o Mestre, se veem diante de algo inimaginável: Ele mesmo, o Ressuscitado, está ali, no meio deles, trazendo a paz — uma paz que o mundo não pode dar — e mostrando Suas chagas gloriosas como sinal do amor e da vida que venceu a morte.

Mas, nesse primeiro encontro, faltara alguém: Tomé, aquele que, como bem sabemos, ousa duvidar, mas cuja dúvida não revela mera incredulidade. Vai além: revela uma sede profunda. E é justamente nesse reencontro com o Ressuscitado que ouvimos uma das frases mais belas do texto sagrado: “bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29).

Olhando para essa cena, perguntemo-nos: quantos de nós, como Tomé, carregamos feridas que nos impedem de crer na força e manifestação do Senhor? Em um mundo marcado por guerras, desigualdades, doenças e crises de fé, somos constantemente tentados a fechar o coração, a tornarmo-nos incrédulos. Nesta passagem, chama-nos a atenção a atitude de Jesus, que, cheio de misericórdia, não repreende Tomé com dureza, não o exclui de perto de si, mas, ao contrário, permite que ele toque Suas chagas, que sinta, por meio daquele toque, a vitória da vida sobre a morte.

É ao tocar as chagas de Cristo que Tomé reencontra a fé, e é também ali, nas chagas gloriosas da misericórdia, que somos chamados a recomeçar. As chagas são um convite à confiança, um sinal visível de que o amor venceu o pecado e a morte. Nelas, a fé ferida e descrente se cura, a esperança renasce e o coração abatido encontra forças para seguir em frente.

Santa Faustina Kowalska, apóstola da Divina Misericórdia, ouviu do próprio Jesus:

“De todas as Minhas Chagas, como de torrentes, corre a misericórdia para as almas, mas a Chaga do Meu Coração é uma fonte de insondável misericórdia. Dessa fonte jorram grandes graças para as almas. Queimam-Me as chamas da compaixão, desejo derramá-las nas almas humanas. Fala a todo o mundo da Minha misericórdia.” (Diário, p. 1190).

E ainda: “A humanidade não encontrará paz enquanto não se voltar com confiança para a Minha misericórdia.”(Diário, p. 300).

Neste Domingo da Misericórdia, Jesus deseja também atravessar as portas fechadas do nosso coração. Ele se aproxima de cada um de nós, movido por compaixão e ternura, não para nos julgar, mas para nos envolver com Seu amor. Deseja que toquemos Suas chagas e, nelas, descubramos um refúgio seguro, uma esperança renovada e um sentido profundo para enfrentarmos cada uma das nossas dores e batalhas.

Queridos irmãos e irmãs, abramos nossos corações e deixemo-nos tocar pela Misericórdia Divina. Que as nossas dúvidas e incertezas não nos afastem de Deus, mas nos levem a buscá-lo com mais desejo, como Tomé, para que, assim, possamos ouvir do próprio Senhor: ““bem-aventurados os que creram sem terem visto!” (Jo 20,29).

E que Santa Faustina nos ensine, em cada momento de nossas vidas, nos dias ensolarados e nas noites escuras, a repetir com o coração confiante: “Jesus, eu confio em Vós!”

Autor: Fabrício Rodrigues- 1° Ano da Configuração (Diocese de Guanhães)

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