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PRIMEIRA MEDITAÇÃO QUARESMAL: “A TENTAÇÃO E O CHAMADO À CONVERSÃO: REFLEXÃO SOBRE AS TENTAÇÕES DE CRISTO NO DESERTO (MT 4,1-11).”

PRIMEIRA MEDITAÇÃO QUARESMAL: “A TENTAÇÃO E O CHAMADO À CONVERSÃO: REFLEXÃO SOBRE AS TENTAÇÕES DE CRISTO NO DESERTO (MT 4,1-11).”

 Por Leonardo Xavier:

Amados irmãos e irmãs, no primeiro domingo do tempo quaresmal nos deparamos com o Evangelho que narra a ida de Jesus ao deserto e como ele enfrentou as tentações. Preparando-se para o seu ministério público, Jesus passou quarenta dias no deserto, afastado do mundo, mortificando a carne, orando e jejuando. Após esse jejum, ele foi tentado pelo demônio, que ele venceu. Suas tentações representam as três concupiscências (Mt 4,1-11), que tentam nos seduzir: concupiscência da carne, simbolizada ali pela transformação das pedras em pães para satisfazer a carne faminta, a concupiscência dos olhos, figurada pela ambição de possuir todos os reinos e riquezas deste mundo, e a soberba da vida, representada no desejo ganancioso de ser aplaudido.

O deserto, com efeito, tem vários significados. Reflitamos um momento sobre este ambiente, natural e simbólico, tão importante na Bíblia. Por exemplo, no livro de Oseias 2,14: “Por isso, eu a levarei ao deserto e falarei ao seu coração.” O deserto é o lugar onde Deus fala ao coração do homem e onde brota a resposta da oração. É o deserto da solidão, onde um coração desapegado de outras coisas se abre à Palavra de Deus. Mas também é um lugar de provação e tentação, conforme o Papa Francisco nos recorda:

O Tentador, aproveitando a fragilidade e as necessidades humanas, insinua a sua voz mentirosa, alternativa à de Deus, uma voz alternativa que mostra outro caminho, um caminho de engano. O Tentador seduz. Na verdade, durante os quarenta dias vividos por Jesus no deserto, começa o “duelo” entre Jesus e o diabo, que terminará com a Paixão e a Cruz. Todo o ministério de Cristo é uma luta contra o Maligno nas suas numerosas manifestações: curas de doenças, exorcismos sobre os possuídos, perdão dos pecados. Após a primeira fase em que Jesus demonstra que fala e age com o poder de Deus, parece que o diabo tem a vantagem, quando o Filho de Deus é rejeitado, abandonado e por fim capturado e condenado à morte. Parece que o diabo é o vitorioso. Na realidade, foi precisamente a morte o último “deserto” a atravessar para derrotar definitivamente Satanás e libertar-nos a todos do seu poder. E assim Jesus venceu no deserto da morte para vencer na Ressurreição. (FRANCISCO, 2021).

A narração das tentações de Cristo no deserto se renova a cada início da Quaresma. Por isso somos convidados a entrarmos com Jesus no deserto e a seguirmos os seus passos nessa caminhada penitencial que se inicia na Quarta-feira com o rito das Cinzas. Somos convidados à penitência neste tempo quaresmal, a penitência é, acima de tudo, um retorno humilde e autêntico às raízes da fé, um caminho de renovação que exige rejeitar as tentações e fortalecer a comunhão com Deus por meio da oração. Somente Cristo tem o poder de libertar o ser humano das correntes que o prendem ao egoísmo e ao mal. Ele nos conduz à verdadeira liberdade, afastando-nos da obsessão por bens materiais, da sede de poder, do desejo de controlar os outros e das ilusões do sucesso imediato. Ao resistirmos ao consumismo desenfreado e à busca incessante pelo prazer, encontramos o caminho para uma vida plena e verdadeiramente realizada.

Portanto, neste tempo da Quaresma, o Espirito Santo nos conduz como a Jesus, a entrar no deserto, não a um lugar físico e geográfico, mas uma realidade interior na qual somos chamados a um silêncio e escuta da Palavra de Deus, para que a verdadeira conversão se realize em nós. Que esta Quaresma, vivida no espírito do “Ano da Esperança”, nos inspire a renovar o compromisso com a conversão, abrindo nosso coração a Deus e ao próximo. Que possamos superar a tentação de nos fechar em nós mesmos e, em vez disso, aprender a olhar a vida com os olhos do Senhor.

Assim como Jesus no deserto, somos chamados a escolher entre a ilusão do poder e o amor que brota da Cruz, entre uma segurança meramente material e a verdadeira redenção que vem de Deus. Converter-se significa não se fechar na busca do próprio sucesso, prestígio e posição, mas permitir que, a cada dia, nas pequenas coisas, a verdade, a fé em Deus e o amor tenham prioridade em nossa vida.

Que este tempo sagrado nos fortaleça na caminhada da fé. Que o Espírito Santo nos conduza e que Maria, Mãe da Esperança, nos acompanhe sempre. Desejo a todos uma santa e frutuosa Quaresma!

REFERÊNCIAS:

FRANCISCO, Papa. Angelus, 21 de fevereiro de 2021. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/angelus/2021/documents/papa-francesco_angelus_20210221.html. Acesso em: 04 mar. 2025.

Autor: Leonardo Santos Xavier- 3° ano da Configuração

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