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A Profundidade Esquecida: Regressar ao Coração

A Profundidade Esquecida: Regressar ao Coração

Por Erick Breno:

Vivemos em um tempo em que as pessoas vivem de modo superficial, imersos em uma vida de aparências. Isso aos poucos foi se tornando um grande paradigma na contemporaneidade, capaz de conduzir as pessoas para uma falsa verdade de si mesmo. Com os avanços das mídias digitais e das tecnologias, as pessoas perderam o interesse de se relacionarem uns com os outros. Com isso, máscaras de si mesmo são criadas para que possam esconder, camuflar quem realmente se é para o outro. Esse modo de vida demonstra claramente uma falta de autocompreensão de si mesmo, um vazio interior, perigo esse que o papa alerta, na Dilext Nos, de se desorientar do centro de si mesmo.

O Papa Francisco, em sua encíclica Dilext Nos, nos demostra uma recorrente preocupação sobre esse período superficial, ao afirmar que “o homem contemporâneo encontra-se com frequência transtornado, dividido, quase privado de um princípio interior que crie unidade e harmonia no seu ser e no seu agir. Modelos de comportamento infelizmente bastante difundidos, exaltam a sua dimensão racional-tecnológica ou, ao contrário, a instintiva. Falta o coração” (Dilext Nos, 9).

A “falta do coração” é apontada pela desvalorização do mesmo ao longo do tempo, através da filosofia, que dá uma ênfase a razão, ao idealismo, ao materialismo e outros pensamentos que não dão tanto valor ao coração, e ao mesmo tempo não são capazes de perceberem a grandiosidade que nele se encontra. Tais pensamentos levam ao homem a acreditar que só a razão de si mesmo conduz ao caminho para se compreender-se, isso leva há um “individualismo doente” .

O Papa nos alerta que “quando não se consideram as especificidades do coração, perdemos as respostas que a inteligência por si só não pode dar, perdemos o encontro com os outros, perdemos a poesia” (Dilext Nos, 11) É a partir do coração que somos chamados a nos compreender, reconhecendo nossos defeitos, qualidades e desejos de forma verdadeira. Quando buscamos entender o que é o coração em todos os seus aspectos, também compreendemos a mensagem do Santo Padre: o coração, aqui, não como simples órgão que bombeia sangue, mas o centro da sensibilidade humana, o berço da identidade e das emoções e, ao mesmo tempo, aquilo que nos conecta com os outros.

Com isso, “regressar ao coração”, acima de tudo, é um convite para nós abrirmos a porta dos nossos corações, e nos deixarmos guiar também por aquilo que nos torna mais humanos, que é ter um olhar cheio de amor e de compaixão. Desse modo, somos capazes de compreender quem realmente somos, que não somos perfeitos, mas somos chamados a buscar a perfeição, tomando como ponto fundamental o desejo de ser modelado e configurado à luz do evangelho. “É preciso afirmar que temos um coração e que o nosso coração coexiste com outros corações que o ajudam a ser um “tu”. (Dilext Nos, 12)

Referências Bibliográficas: 

FRANCISCO, Papa. Dilexit nos: Carta encíclica sobre o amor humano e divino do coração de Jesus. Brasília: Edições CNBB, 2024

Autor: Erick Breno de Silva da Cruz- 1° ano da Configuração

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