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A profundidade do amor do Coração de Jesus em tempos de inquietude

A profundidade do amor do Coração de Jesus em tempos de inquietude

Por Fábio Júnior Fernandes:

Ao refletir sobre o amor humano e divino do Coração de Jesus, é possível conceber um amor paternal, fraternal, esponsal que abraça e acolhe todos os que se deixam sentir amados. O grande desafio, entretanto, reside em experimentar esse amor nos tempos atuais, marcados pela angústia, ansiedade, medo, individualismo e tantos outros pensamentos que assombram o ser humano, deixando-o confuso, agitado e inseguro. Assim como descrito em Mateus 23,37 “… como a galinha reúne os pintinhos debaixo das asas…”, o Coração de Jesus é o refugio mais seguro para o homem descansar, ser curado e encontrar força para enfrentar a dinâmica da fluidez do tempo presente.

No capítulo três da carta encíclica “Dilexit Nos” do Papa Francisco, “o tríplice amor” n.66 relata que “a luz da fé, pela qual cremos que na pessoa de Cristo estão unidas a natureza humana e divina, podemos conceber os estreitíssimos vínculos que existem entre o amor sensível do coração físico de Jesus e o seu duplo amor espiritual, o humano e o divino”. A partir do momento em que o Verbo se faz carne, Cristo entra na história da humanidade como verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Isso torna possível ao homem viver uma experiência de amor afetivo que se transforma em um amor humano e espiritual profundo. A experiência do amor infinito no finito, que manifesta na condição humana.

Diante das falsas aparências que a sociedade oferece, o homem é levado a usar diversas máscaras diplomáticas de acordo com as circunstâncias. Assim como as águas do oceano, mesmo em dias tranquilos, causam pequenas erosões quase imperceptíveis ao bater na orla da praia, trazendo e levando areia com o pequeno impacto, essas máscaras, embora sutis, provocam mudanças, com o tempo, torna-se visíveis. Direta ou indireta, elas escondem inquietações e fragilidades que, com o passar do tempo, começam a se manifestar em comportamentos e pensamentos.

O absurdo da condição humana, que transita entre a morte e a vida, remete a famosa frase do personagem Riobaldo, do “Grande Sertão Veredas” de Guimarães Rosa: “Viver é perigoso”. As angústias e inseguranças que o homem carrega consigo no decorrer da sua existência são inúmeras. Aqueles que conseguem enfrentar ou, ao menos, tocar nelas e vivenciar esses momentos, emergem mais fortes. Já os que não conseguem, tendem a escondê-las em comportamentos viciosos como uma válvula de escape. Ambos, de uma forma ou de outra “fugindo ou enfrentando” buscam se livrar deste sofrimento que padece uma parte dos seres humanos.

Uma das formas de realização do homem é a convivência e o contato com o outro. Entretanto, o individualismo e o utilitarismo contemporâneos levam uma parcela da humanidade a ser insensível e carrasca com o próximo, resultando em pessoas vazias de valores e cheias de ambições. Umas das grandes consequências desse cenário é o isolamento real no contato entre as pessoas e a expansão virtual. Embora o homem esteja rodeado com um número crescente de pessoas online, ele permanece solitário na realidade.

Para enfrentar estes sentimentos que inquietam o ser humano, a espiritualidade revela-se como um caminho. Dada a riqueza da Igreja em diversas formas de espiritualidade, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus destaca-se como uma chama de caridade ardente que atrai os homens por amor com os olhos fixos Nele. Essa devoção não pode ser esporádica, mas, aos poucos, deve se tornar parte integrante da vida da pessoa. Ela nasce naturalmente no coração do homem que permite ser amado pelo amor ardente do Divino Espírito Santo, que transforma e fecunda a pessoa em sua integridade, com virtudes e dons.

Apesar da “condição perigosa” da existência, onde o sofrimento é uma constante, o texto aponta para a espiritualidade como um caminho de superação. Neste contexto, a devoção ao Sagrado Coração de Jesus aparece como uma “chama de caridade ardente”, capaz de atrair e transformar o ser humano. É um convite a uma entrega gradual e profunda, permitindo que o amor ardente do Divino Espírito Santo fecunde a pessoa em sua integridade, com virtudes e dons, oferecendo um antídoto para o vazio e a solidão que muitas vezes acompanham o homem contemporâneo.

Autor: Fábio Júnior dos Santos Fernandes- 2° ano do Discipulado

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