SEMINÁRIO PROVINCIAL
SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS

/
/
A IGREJA DE CINZAS

Notícias

A IGREJA DE CINZAS

A nossa vida é construída sobre a história. Os que vivem, os que viveram, os que plantaram e os que colheram. Tudo faz parte do movimento eterno no efêmero tempo que compõe a história.

Mas ver uma história materializada se transformar em cinzas e ruínas parece nos retirar a história e uma parte da vida. Foi o que ocorreu em outubro de 2019 quando, lamentavelmente, a Igreja de Santa Rita de Sopa virou chamas e lágrimas. De uma Igreja oitocentista esplendorosa restou um banco, três paredes e a dor da saudade.

Houve aqueles que atribuíram o grande incidente a um castigo de Deus; outros, à ação do demônio; outros, ainda, aos pecados seus ou dos outros fiéis da comunidade. Alguns, todavia, encontraram não a intenção de Deus, mas uma mensagem de que o caos é prenúncio da ordem; a lágrima, prenúncio da festa; o fogo, da restauração; a crise, da revolução.

Mas veio a pandemia. Igrejas fechadas. E o povo não tinha sequer porta na Igreja para que pudesse fechar como as outras. Não veio de imediato a salvação que esperava aquele povo. O povo de Israel sentia saudade das cebolas do Egito; os de Sopa, dos doces frutos da devoção à Santa Rita que triunfava no altar.

Certos de que “os que em lágrimas semeiam, ceifarão com alegria” (Sl 126,5), a comunidade colheu um grande fruto em 2022. Na celebração solene do Domingo de Ramos – com o pároco Pe. Nereu Pacífico – cada fiel ceifou seu ramo (símbolo do triunfo!) e retornou à Igreja de Santa Rita, bicentenária não mais no edifício, mas na fé que sobreviveu ao incêndio. O povo chorou de emoção, dessa vez não por aclamar o Rei que chegava, mas o Rei que os recebia de braços e (finalmente) de portas da Igreja abertas. De um “abri as portas para que o Rei da glória possa entrar” (Sl 24,7), passou-se a um “abri as portas para que os filhos da glória possam entrar”. Deus alargou as portas para os Sopenses.

E hoje cá estamos: celebrando a fé herdada de campesinos, tropeiros e, especialmente, garimpeiros. Colhemos deles o ouro e o diamante dos mais altos quilates: a fé e a tradição. E, por mais que se dê ainda uma construção demorada, a fé e a tradição dizem de uma Igreja comunitária e pessoal que se edifica continuamente no seio da vila.

E é nessa comunidade que contribuo pastoralmente. Não faço ali pastoral: coloco-me como um tijolo que não faz toda a Igreja, mas que, sem ele, a Igreja não se faz. E cada um ali é necessário. Dom Darci – nosso arcebispo –, Padre Nereu – nosso pároco – e todos os fiéis. Todos sabem que são importantes. Todos reconstroem a Igreja na participação e na missão.

Não sabemos quando a Igreja terá sua estrutura acabada, mas nos propomos sempre a construir uma Igreja comunitária em que cada um é importante, e todos juntos são o reflexo do Deus da unidade.

Não somos mais Igreja de cinzas. Somos a Igreja de Deus que se reconstrói continuamente para a Igreja celeste que está por vir.

Compartilhar:

Tags:

NOTÍCIAS

No dia de ontem, encerramos o ano formativo de 2023 nos despedindo dos irmãos do 4 Ano da Configuração
No dia de ontem, sexta-feira, os seminaristas do 4° ano de Teologia apresentaram seus trabalhos de conclusão de curso