A espiritualidade do padre diocesano é marcada essencialmente pelo cuidado pastoral para com uma porção do povo de Deus, isto é, uma paróquia. Ele, ao receber o segundo grau da Ordem, é chamado a ser como o próprio Cristo, o Bom Pastor (cf. Jo 10, 11-16), que zela e cuida do rebanho a ele confiado.
Com isso, tal presbítero tem como “razão vocacional” fazer com que a paróquia – na sua diversidade de dons, carismas e ministérios – compreenda o seu papel missionário na sociedade, sobretudo deixando “arder os corações e colocando os pés a caminho” (cf. Lc 24, 32-33). Para isso, é preciso deixar-se guiar pelo desejo do Senhor, que diz: “aprendei de mim que sou manso e humilde de coração” (cf. Mt 11, 23) e seguir fielmente “suas palavras de vida eterna” (cf. Jo 6, 68).
A partir disso, os jovens seminaristas, para melhor servir como futuros Ministros Ordenados – ouvindo o chamado do Senhor: “Vem e segue-me” (cf. Mt 9, 9) –, são convidados pela Igreja a se configurar invariavelmente ao Bom Pastor, especialmente ao longo do processo formativo proposto pelo Seminário. Daí, dentre as dimensões formativas está a “pastoral”, possibilita-se que os seminaristas compreenderem os desafios do “ser padre” no confronto direto com cada realidade.
À vista deste mistério de amor e doação, os formandos do 4º ano da configuração (Teologia) tiveram a oportunidade de estar uma parte das férias em uma paróquia. Assim, eu, William de Melo, sendo membro desta turma, estive alguns dias na Paróquia Nossa Senhora de Fátima em Três Marias: aprendendo, contribuindo, rezando e acompanhando o padre Nivaldo e toda a comunidade eclesial em sua missão evangelizadora.
Sem dúvida, foi um momento muito especial, pois, por mais que façamos “pastoral” em todos os finais de semana do ano letivo, esse “estágio” foi um período ímpar: estar todos os dias na paróquia “em estágio pastoral” permite uma maior compreensão do futuro Ministério como realidade em si – isso, desde o partilhar com o padre Nivaldo sobre os anseios e dificuldades diárias da missão até o contato direto com os paroquianos.
Em vista disso, muitos foram os momentos vivenciados, a saber: participação nas Santas Missas, orações do terço dos homens e do Ofício de Nossa Senhora com as mulheres (semanalmente), formação para catequistas e ministros extraordinários, visita às turmas de catequeses e as várias comunidades (urbanas e rurais), momentos de adoração, celebrações da palavra por mim realizadas, escuta das pastorais e dos jovens que receberam o Sacramento da Crisma, entre outros. Tudo isso marcou positivamente este momento de “estágio pastoral”, sobretudo por expressar formativamente a verdadeira missão e espiritualidade presbiteral.
Por fim, é uma oportunidade muito especial e importante dentro do processo formativo, porque podemos perceber o quanto as pessoas esperam de nós (futuros padres diocesanos), uma vez que confiam em nossa missão. Assim, essa experiência na comunidade durante alguns dias permitiu-me aperfeiçoar a percepção da grandeza e do desafio do “ser padre” como missão e serviço. Ademais, dou testemunho que, SIM, vale a pena seguir a Cristo e doar-se completamente ao serviço do Reino de Deus.
Seminarista William de Melo T. Neto – 4º ano da configuração
Três Marias, 23 de janeiro de 2023 – Ano Vocacional.