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Família: berço das vocações

Família: berço das vocações

Todos os anos a Igreja no Brasil celebra o mês de agosto numa perspectiva vocacional. A cada domingo somos convidados a rezar por uma vocação específica: sacerdotal, familiar, consagrada, laical, tendo o amor de Deus como sujeito de cada chamado. Neste ano, o mês vocacional reveste-se de maior significado, visto que estamos vivenciando o Terceiro Ano Vocacional, que tem como tema, Vocação, graça e missão; e como lema, “Corações ardentes, pés a caminho” (Cf. Lc24, 32-33).

Neste segundo domingo, celebrando o dia dos pais, a Igreja reza pela vocação familiar. Sabemos que toda vocação vem de Deus e é plantada no centro do coração de cada homem e mulher. Assim como uma semente frutifica na terra, a vocação é a semente do querer de Deus para cada ser humano, e nasce, cresce e amadurece no seio familiar.

A vocação familiar é um chamado a perpetuar o amor de Deus na humanidade, gestando novas vocações. A família é comunidade de amor, santuário da vida, Igreja doméstica. Na família, cada pessoa sente o carinho do amor de Deus e começa a ser introduzido na vida de intimidade com o Criador. Muitos de nós começamos a buscar a Deus porque muitas mães, avós, a nossa família nos testemunhou o carinho e o aconchego materno de Deus. Ali experimentamos que Deus, de fato, nos chama, exorta e ama. Assim, a família que “ama e gera a vida é a verdadeira “escultura” viva, capaz de manifestar Deus criador e salvador”PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: sobre o amor na família. São Paulo: Paulinas, 2016.n.1.p.7.() .

É na família, comunidade de corações ardentes, que o coração humano incendeia por Deus. No seio familiar sentimos, como ensina Pe. Zezinho, a “força que brota do amor”. Força essa que é capaz de superar tudo: sofrimento, tribulação, morte, incertezas…

Não existe uma pessoa sem família, pois o dom da vida foi cultivado pela união de um pai e de uma mãe. O homem e a mulher chamados por Deus a viver o amor conjugal transmitem esse amor na geração de uma nova vida. Cada filho e filha é consequência do amor que transborda para além de si.

Assim, o testemunho de amor familiar se configura como berço de todas as outras vocações, pois é da família que seus membros sentem o chamado ao sacerdócio, vida religiosa, vida matrimonial e ao engajamento laical.

O convite às famílias do Brasil com o Ano Vocacional é o de reacender o amor familiar, pois “a alegria do amor que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja”(PAPA FRANCISCO. Amoris Laetitia: sobre o amor na família. São Paulo: Paulinas, 2016.n.1.p.7.). O amor familiar não pode virar uma utopia, mas se concretiza na vivência do dia a dia, assim como poetiza o Pe. Zezinho:

Das muitas coisas
Do meu tempo de criança
Guardo vivo na lembrança
O aconchego de meu lar
No fim da tarde
Quando tudo se aquietava
A família se ajuntava
Lá no alpendre a conversar
Meus pais não tinham
Nem escola, nem dinheiro
Todo dia, o ano inteiro
Trabalhavam sem parar
Faltava tudo
Mas a gente nem ligava
O importante não faltava
Seu sorriso E seu olhar
Eu tantas vezes
Vi meu pai chegar cansado
Mas aquilo era sagrado
Um por um ele afagava
E perguntava
Quem fizera estripulia
E mamãe nos defendia
Tudo aos poucos se ajeitava
O sol se punha
A viola alguém trazia
Todo mundo então queria
Ver papai cantar com a gente
Desafinado
Meio rouco e voz cansada
Ele cantava mil toadas
Seu olhar no sol poente
Correu o tempo
Hoje eu vejo a maravilha
De se ter uma família
Quando tantos não a têm
Agora falam
Do desquite e do divórcio
O amor virou consórcio
Compromisso de ninguém
E há tantos filhos
Que bem mais do que um palácio
Gostariam de um abraço
E do carinho entre seus pais
Se os pais amassem
O divórcio não viria
Chamam a isso de utopia
Eu a isso chamo paz

Que ao celebrar a vocação familiar, cada pai, mãe e filho tenham o amor como base de suas vidas e possam crescer cada vez mais no amor para com Deus. Sagrada Família de Nazaré, nossa família vossa é.

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