Na última sexta-feira, os seminaristas do 4º ano da Teologia apresentaram seus trabalhos de conclusão de curso. O seminarista Álvaro Vitor apresentou o tema “Introdução à vida cristã: um itinerário de experiência com Jesus Cristo, à luz do Documento 107 da CNBB”. O seminarista Daniel Cruz apresentou “Celebração da fé: a liturgia como uma dimensão fundamental para a vida da Igreja à luz da Sacrosanctum Concilium”. O seminarista Gesley Junio expôs o trabalho “Uma abordagem pastoral sobre a comunicação da fé em tempos de rede”. E o seminarista Pedro Lucas apresentou o tema “Harmonia do sagrado: a música litúrgica como eco do louvor universal em Bento XVI”. A manhã acadêmica foi vivenciada com atenção, reflexão e profundo senso eclesial, evidenciando o amadurecimento intelectual e pastoral dos concluintes da etapa teológica.
O seminarista Álvaro Vitor desenvolveu seu trabalho sobre a Iniciação à Vida Cristã (IVC) como processo pelo qual a pessoa vive a experiência de se tornar discípulo de Jesus Cristo. A partir da intuição exposta pela Igreja do Brasil no Documento 107 da CNBB, o autor destaca a urgência e necessidade desse itinerário para o tempo presente, entendendo que a salvação está intimamente ligada ao acolhimento da graça de Deus revelada em Cristo, atualizada pelo Espírito Santo e transmitida pela Igreja. O percurso iniciático introduz o cristão no autêntico conhecimento de Deus, que se fez carne e se manifestou corporalmente no mundo. Assim, Escrituras, Sacramentos, comunidade reunida e criação se constituem como lugares de encontro com Cristo vivo. A IVC, iluminada pela cadência catecumenal dos primeiros séculos, recupera a centralidade da experiência de Deus, mostrando que se tornar cristão ultrapassa a adesão a doutrinas ou normas. Trata-se de um verdadeiro itinerário experiencial do mistério Pascal de Cristo: acreditado, interiorizado, celebrado, testemunhado e comunicado.
O seminarista Daniel Cruz apresentou um estudo sobre a liturgia como dimensão essencial da vida da Igreja, fundamentado na Sacrosanctum Concilium e no espírito do Concílio Vaticano II. A liturgia é compreendida como atualização da obra salvífica de Cristo, expressão do mistério pascal e manifestação da natureza divina e humana da Igreja. O primeiro capítulo do estudo trata da natureza da liturgia e da participação ativa dos fiéis. O segundo analisa os fundamentos da reforma litúrgica, enquanto o terceiro examina a dimensão pastoral atual da liturgia, considerando os desafios contemporâneos sob a orientação do magistério do Papa Francisco. O autor reconhece a reforma litúrgica conciliar como um verdadeiro Kairós — um tempo favorável — que conduziu a Igreja a uma reforma na continuidade, permitindo à liturgia expressar-se como tradição viva e caminho de santificação.
O seminarista Gesley Junio abordou a comunicação da fé em tempos de rede, partindo de uma perspectiva pastoral que compreende a missão da Igreja como a de tornar Jesus conhecido e amado. Comunicar a fé, segundo o autor, não é acessório, mas expressão do modo de ser da própria Igreja. Na primeira parte do trabalho, o pesquisador analisa a gênese da comunicação, fundamentando-se nas leituras bíblicas reinterpretadas por Moisés Sbardelotto. Na segunda parte, o autor discute os desafios do ambiente digital contemporâneo: polarização, crise de pertencimento e espiritualidade virtualizada. Na terceira parte, apresenta propostas pastorais baseadas na Infopastoral de Andreia Gripp, articulando o conceito de povo de Deus da Lumen Gentium com a compreensão do virtual como extensão da realidade. Conclui que a comunicação da fé reflete o modo como Deus continua hoje a falar ao mundo — assim como falou ao criar, ao encarnar-se e ao agir pela Igreja — e que este campo exige contínuo discernimento e estudo.
Por fim, o seminarista Pedro Lucas dedicou sua pesquisa à música litúrgica na teologia de Bento XVI, partindo da célebre afirmação de Santo Agostinho: “cantar é próprio de quem ama”. O estudo mostra que o canto sempre foi parte integrante da liturgia cristã e que, no contexto contemporâneo — marcado por intimismo e funcionalismo — repensar o lugar da música sacra torna-se urgente. O autor recorda que o Concílio Vaticano II considerou a música sacra um tesouro inestimável e expressão privilegiada da liturgia (SC 112). Nas Escrituras, a música aparece associada aos grandes atos da salvação: do cântico após a travessia do Mar Vermelho às harmonias escatológicas do Apocalipse. Assim, a música litúrgica se relaciona com o Logos (buscando tornar inteligível o mistério), com o Espírito Santo (elevando o coração às realidades divinas) e com o cosmos (unindo a criação em um só louvor). A música sagrada é então apresentada como eco terreno do canto celeste, antecipação na terra do culto eterno. A visão de Bento XVI permite compreender a música litúrgica como expressão do ser integral da Igreja, que canta sua fé junto com toda criatura.
As apresentações evidenciaram não apenas a profundidade acadêmica dos seminaristas, mas também a maturidade espiritual, o zelo pastoral e a seriedade que os mesmo dedicaram à etapa final da formação teológica. Parabenizamos calorosamente os seminaristas que concluíram essa fase de estudos, reconhecendo o esforço e a dedicação que culminaram nesses trabalhos. Que esses frutos intelectuais e eclesiais iluminem a ação evangelizadora, litúrgica e pastoral da Igreja e fortaleçam o ministério daqueles que se preparam para o sacerdócio.
















