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Boletim da Guarda de Honra- Novembro/2025: “Coração de Jesus, Esperança nossa”

Boletim da Guarda de Honra- Novembro/2025: “Coração de Jesus, Esperança nossa”

Coração de Jesus, Esperança nossa.

Por : Pe Darlan Lima

Diretor espiritual da Guarda de Honra

O sofrimento faz parte da natureza humana, da nossa existência enquanto seres limitados. Desde o nascimento, cada pessoa carrega consigo a certeza de que viver é, também, enfrentar perdas, dores e limitações. A dor é inseparável da vida porque está presente em todos os processos de mudança e crescimento. Seja pela ausência, pela saudade, pelo medo ou pela injustiça, o sofrimento nos confronta com nossa vulnerabilidade e nos lembra que o controle que acreditamos ter sobre a existência é, na verdade, muito limitado.

Entretanto, é justamente essa vulnerabilidade que nos torna humanos. É preciso reconhecer que o sofrimento molda nossa sensibilidade, nos ajuda a entender com o que nos importamos, com o que desejamos e amamos. A dor surge como uma resposta àquilo que tem significado para nós. Nesse sentido, o sofrimento revela o quanto a vida é preciosa e o quanto os vínculos, as esperanças e os sonhos são fundamentais para a experiência humana. Ao mesmo tempo, ele nos ensina sobre a transitoriedade de tudo, sobre o valor de cada instante e sobre a importância de encontrar sentido mesmo no que parece incompreensível.

Contudo, não podemos nos deixar levar simplesmente pelo sofrimento e pensarmos que a vida não tem mais sentido; que não conseguiremos suportar o sofrimento. Em tempos de dor, desânimo e incerteza, é no Coração de Cristo que encontramos abrigo, consolo e força para seguir. O próprio Jesus nos convida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.” (Mt11,28). Ele nos acolhe com amor e deseja curar as feridas do nosso coração.

Quando olhamos para o mundo, vemos tantas situações que nos roubam a esperança: doenças, conflitos, perdas, incertezas… somos convidados a deixar que o amor de Deus renove e fortaleça a nossa vida. Devemos nos lembrar da declaração de amor de Deus no profeta Jeremias: “Com amor eterno eu te amei; por isso, com bondade te atraí.” (Jr 31,3). Sim, um amor eterno que nos precede e permanece fiel. Nos momentos de sofrimento é sempre bom lembrar desta fidelidade nos momentos de felicidade onde pudemos sentir o amor do Coração de Jesus em nossa vida. Confiar no Coração de Jesus é deixar que o amor vença o medo, que a fé vença a dúvida, e que a esperança renasça mesmo nas noites mais escuras.

Diante dos sofrimentos da vida, o Papa Francisco, na Dilexit nos, lembra-nos que não podemos simplesmente confiar em nós mesmos, mas devemos nos ancorar na certeza do amor divino: “Precisamos da ajuda do amor divino. Recorramos, pois, ao Coração de Cristo, o centro do seu ser, que é uma fornalha ardente de amor divino e humano, a mais alta plenitude que a humanidade pode atingir. É aí, nesse Coração, que finalmente nos reconhecemos e aprendemos a amar” (DN 30).

Caro irmão e irmã, peça sempre ao Coração de Jesus, que é abrigo para os cansados e esperança para os que sofrem, que acolha as suas dores, as suas lutas e derrame sobre você e sua família, o amor que cura, restaura e renova.
Desejo que você possa concluir este ano litúrgico mais unido ao Coração de Jesus.

 

A PARTICIPAÇÃO DOS CRISTÃOS LEIGOS NA MISSÃO DA IGREJA

Dentre as belas imagens que usamos para compreender a Igreja, São Paulo nos traz, em sua carta aos Coríntios no capítulo 12, a imagem do Corpo Místico de Cristo. Essa imagem traduz para nós, de maneira geral, que todos os batizados formam o que chamamos Igreja, são membros desse corpo que tem o próprio Cristo como cabeça. Assim, unidos e formando um só corpo que caminha rumo à Pátria Celeste, cada um exerce seu papel como verdadeiro membro dessa Igreja, abraçando com o coração a vocação específica para a qual é chamado. E quão diversas são essas vocações! Embora distintas entre si, não há hierarquia de importância entre as vocações: cada uma, em seu exercício evangélico, torna possível a ação de Deus no mundo e alarga, por atração, o número dos seguidores do Cristo que se une em sua Igreja.

Nesse horizonte, os leigos ocupam um lugar primordial na missão da Igreja. Um erro grande que se corre é equiparar o termo leigo como um “não conhecedor” de determinada área. Por exemplo, quando não dominamos algum tema, costumamos dizer que somos “leigos no assunto”. No contexto eclesial que aqui se evoca, não cabe essa concepção. Leigo, aqui, é todo batizado que não recebeu a ordem sacerdotal nem professou votos religiosos (como os consagrados ou religiosos de vida comunitária) (cf. LG, 31). Sendo em maior número, é daí que surgem, inclusive, os chamados para as outras vocações. São, portanto, a base do exercício missionário da Igreja.

Em sintonia com o Concílio Vaticano II, na Constituição Lumen Gentium, o fiel leigo é membro pleno do Povo de Deus, chamado a santificar o mundo “a partir de dentro”, isto é, nas realidades cotidianas: família, trabalho, política, cultura, educação, ciência, arte, comunicação etc. Tornam-se verdadeiramente sal da terra e luz do mundo (cf. Mt 5,13-14), levando o Evangelho de Cristo para todos as pessoas com quem convivem diariamente, enfrentando os desafios próprios de cada realidade. Santificam, assim, o mundo pela própria vida vivida na fraternidade, na comunhão e na caridade, ocupando papel fundamental na nova evangelização, pois são compreendidos como fermento no meio da massa, presença simples que transforma toda a Terra em Casa Comum onde o Reino de Deus se realiza em germe, mas ainda não em plenitude que se abre para o horizonte escatológico.

Assumindo, cada um, o compromisso diante do convite de Cristo, formamos um verdadeiro corpo evangelizador. Urge a cada um de nós, batizados, procurar viver com autenticidade o nosso chamado, compreendendo-se membro indispensável da Igreja, independente da posição que ocupa. Desse modo, especialmente o leigo, é chamado “ser, perante o mundo, uma testemunha da ressurreição e da vida do Senhor Jesus e um sinal do Deus vivo. Todos em conjunto, e cada um por sua parte, devem alimentar o mundo com frutos espirituais (cfr. Gál. 5,22) e nele difundir aquele espírito que anima os pobres, mansos e pacíficos, que o Senhor no Evangelho proclamou bem-aventurados (cfr. Mt. 5, 3-9). Numa palavra, «sejam os cristãos no mundo aquilo que a alma é no corpo»” (LG, 38).

INVOCA MARIA

Se os ventos das tentações se levantarem,
Se te chocares contra os rochedos das tribulações,
Olha para a Estrela, Invoca Maria.

Se te sentires arrastado pelas ondas do Orgulho,
Da ambição, da traição, do ciúme,
Olha para a Estrela, Invoca Maria.

Se a raiva, a avareza ou os desejos impuros,
Sacudirem o pequeno barco da tua alma,
Olha para Maria.

Se frustrado pela enormidade de teus crimes,
Confuso, diante de tua consciência manchada,
Gelado de pavor, ao pensar no juízo;
Se te sentes submerso no abismo de desespero,
Pensa em Maria.

[…]
Se a seguires, não te desviarás.
Se a suplicares, não te desesperarás.
Se a consultares, não errarás o caminho.
Se Ela te proteger, nada temerás.
Se Ela te for favorável, alcançarás a meta.

(São Bernardo de Claraval)

Coração de Jesus: Amor por Amor

Por: Samuel Moulinari

Em sua segunda grande manifestação à Santa Margarida Maria, Jesus se declara: “Tenho sede, mas uma sede tão ardente de ser amado pelos homens no Santíssimo Sacramento, que esta sede me consome; e não encontro ninguém que se esforce, segundo o meu desejo, por saciar a minha sede, retribuindo um pouco do meu amor”. Diante dessa revelação, o Papa Francisco, na Encíclica Dilexit Nos, ensina que Jesus nos comunica essa sede de ser amado, mostrando-nos, assim, que Ele não permanece indiferente à nossa resposta diante do seu amor.

Nesse sentido, deveria nos interpelar o convite do Cristo que nos ama e deseja o nosso amor: “será que estou me esforçando para amar e deixar-me ser amado pelo Sagrado Coração de Jesus?”. À luz das Sagradas Escrituras, compreendemos que a forma mais autêntica de corresponder ao amor de Cristo é amar os irmãos: “Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (1 Jo 4,20). Quando suplicamos: “Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”, pedimos que o nosso próprio coração não se endureça e que não sejamos indiferentes aos irmãos. Desejamos que ele se torne como o de Cristo: manso e humilde. Muitas vezes acontece de perdermos a paciência com os outros, que é algo próprio da fragilidade humana, mas permanecer nesse estado é o que nos afasta do próximo e de Deus. O amor aos irmãos não surge simplesmente como resultado dos nossos esforços humanos, mas exige que o nosso coração egoísta seja transformado. Só então, numa súplica que brota do interior, nasce espontaneamente o clamor: “Jesus, fazei o nosso coração semelhante ao Vosso”.

Portanto, pode-se dizer que o Coração de Jesus continua a arder de amor por cada um de nós, chamando-nos a entrar na intimidade desse amor que tudo cura e tudo renova. Ele deseja transformar o nosso coração frio e indiferente em um coração semelhante ao seu, sensível às dores e alegrias dos irmãos. Unidos ao Imaculado Coração de Maria, aprendamos a amar com ternura, a oferecer reparação pelas ofensas feitas ao Senhor e  deixar que Ele viva e ame em nós.

Leia o texto completo aqui.

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