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A Palavra que gera esperança: a Carta aos Romanos na vida da Igreja

A Palavra que gera esperança: a Carta aos Romanos na vida da Igreja

Por: Prof. Ms. Ivonei Antônio de Oliveira

MÊS DA BÍBLIA 2025: CARTA AOS ROMANOS

Desde 1971, por iniciativa da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), vivenciando os novos ares do contexto pós-Concílio Vaticano II, experimentamos a belíssima iniciativa de maior aproximação dos leigos com a Bíblia. Essa experiência se espalhou pelo Brasil e, em 1985, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) assumiu oficialmente a celebração deste mês. Desde então a Comissão Episcopal para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB tem a proficuidade de construir um Texto-Base, para auxiliar a Igreja do Brasil no processo de aprofundamento e maior conhecimento bíblico.

Para este ano de 2025, iremos focar na Carta de São Paulo aos Romanos, e irá nos inspirar o lema “A esperança não decepciona” (Rm 5,5). Aliás, esse lema, escolhido em uníssono com o Grupo de Reflexão Bíblico-Catequética (GREBICAT), ganhou ainda mais significado e importância com a escolha do Papa Francisco para o Jubileu da Encarnação de 2025. Com o tema “Peregrino da Esperança”, enfatiza a necessidade de conversão, peregrinação e caridade, para antecipar a promessa de Deus e oferecer um renovado renascimento de esperança em Cristo após os desafios globais, demonstrando assim, uma maravilhosa convergência espiritual com este Ano Santo, visando à experiência da misericórdia de Deus.

Assim, o texto base de 2025 tem por objetivo alimentar a vida cristã pela Palavra, fortalecer a fé e renovar o compromisso comunitário. Segue a sua estrutura em 4 partes:

1) Paulo, apóstolo a serviço do Evangelho – apresenta a missão do grande apóstolo Paulo e sua relação com a comunidade de Roma, destacando a fé como resposta ao chamado de Deus e nos convidando a ver a vida como vocação e missão.

2) Justificados pela fé, vivemos na esperança (Rm 5,1-11) – a partir do estudo desta perícope, apresenta a justificação pela fé< e a ação gratuita da graça de Deus. Destaca que a esperança nasce do amor de Deus derramado em nossos corações, além de nos orientar que a esperança cristã é firme porque se fundamenta na fidelidade de Deus.

3) O Espírito Santo e a nova vida em Cristo (Rm 8) – analisa o capítulo 8 da Carta, destacando que o Espírito é força que nos liberta da escravidão do pecado e da morte. Nós, cristãos, somos chamados a viver como filhos de Deus, guiados pelo Espírito, além de reforçar o compromisso de que a vida cristã é marcada pela confiança e pela esperança ativa na salvação.

4) Vida cristã no cotidiano (Rm 12–16) – por fim, nos retrata estes 5 capítulos, que a fé se traduz em atitudes concretas, como fraternidade, solidariedade, serviço e amor, nos inserindo nos areópagos modernos, espaços culturais e públicos da contemporaneidade, para testemunharmos nossa fé. Nesta parte também, Paulo convida-nos à vida comunitária marcada pela diversidade de dons e unidade na caridade, lembrando que a esperança gera compromisso com a justiça e a paz

A Carta aos Romanos representa a primeira elaboração teológica que chegou a nós, construída pela mão de um teólogo cristão, apóstolo de Cristo, e sempre teve uma enorme influência na teologia de nossa Igreja, em todos os lugares e tempos. A carta representa, ainda, um ponto culminante da atividade missionária de Paulo, sendo escrita entre os anos 55 e 57 da nossa era, dirigida a todas na Igreja, seja judeus convertidos ou gentios.

Gosto de analisar este escrito tão precioso para nós, focando em três grandes finalidades do apóstolo, para a vida da Igreja, que são:

A) A missão, que almeja atingir o maior número possível de pessoas (11,13-15.25-26), partindo da capital do mundo gentio, para atingir a todas, transformando a Igreja de Cristo realmente em Católica;

B) Paulo tem uma finalidade apologética, pois a necessidade de defender a si mesmo e a própria concepção do evangelho de ataques polêmicos, diante de uma realidade que não compreendia a grandeza da missão da Igreja;

C) Finalmente, São Paulo, deseja que sua carta cure divisões reais ou virtuais dentro da comunidade de Roma. Esta finalidade pastoral atinge os frágeis e os fortes, levando a justificação a todos e todas;

Eis o tempo propício ofertado pela sabedoria eclesial para aprofundarmos nossa fé, digerindo com retidão os ensinamentos emanados deste documento tão eficaz e teológico, cunhado no trabalho pastoral efetivo de nossos antepassados. Que a fé, a esperança e a caridade nos inspirem hoje, como outrora fizera com o apóstolo dos gentios.

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