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QUINTA MEDITAÇÃO QUARESMAL- “DO SEPULCRO À GRAÇA: CRISTO, FONTE DE VIDA”

QUINTA MEDITAÇÃO QUARESMAL- “DO SEPULCRO À GRAÇA: CRISTO, FONTE DE VIDA”

Por Darlan Almeida 

O período da Quaresma constitui um grande retiro espiritual, proporcionando uma oportunidade para revisitarmos a nossa trajetória à luz da misericórdia divina, de modo a vivenciarmos plenamente o cerne da fé cristã: a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Dessa forma, toda a liturgia da Igreja expressa a vida de Cristo por meio das palavras e ações, concretizando as profecias do Antigo Testamento, que prefiguravam a Encarnação do Verbo e sua ressurreição: “o povo que andava nas trevas viu uma grande luz, uma luz raiou para os que habitavam uma terra sombria” (cf. Is 9,2). Assim, o tempo quaresmal constitui uma ocasião propícia para um exame profundo da própria vida, a fim de nos conformarmos a Cristo.

O Evangelho de João, ao relatar a ressurreição de Lázaro (cf. Jo 11,1-44), pode, à primeira vista, assemelhar-se a narrativas cujo desfecho é inevitavelmente trágico, visto que se inicia com uma enfermidade, que se agrava e finda com a morte de Lázaro. Entretanto, trata-se, na verdade, de uma proclamação da vida, sendo a fé a chave hermenêutica essencial para a compreensão desse episódio. Em nossa jornada terrena, ao enfrentarmos as vicissitudes do pecado, corremos o risco de perder a confiança no Senhor, afastando-nos de nossa fonte vital, Cristo, do qual nos nutrimos por meio da fé e dos sacramentos. Nesse contexto, a figura de Marta emerge como exemplo de confiança absoluta nas palavras de Jesus, pois ela reconhecia que tudo o que fosse pedido ao Pai lhe seria concedido. A partir dessa realidade, Jesus declara ser a ressurreição e a vida (v. 25), demonstrando seu poder sobre a morte e restituindo a existência àquele que nele crê.

Um aspecto particularmente comovente nessa narrativa evangélica é a sensibilidade de Jesus ao contemplar Maria, irmã de Lázaro, e os judeus que a acompanhavam em prantos. Diante dessa cena, Cristo se emociona e chora (v. 35), revelando que, na Encarnação, Ele assume em tudo a condição humana (exceto o pecado), incluindo os sentimentos e afetos. Jesus ama aquela família, compartilha da dor das irmãs e sofre pela perda de um amigo. Comovido, dirige-se ao sepulcro, ordena a remoção da pedra e, ao elevar os olhos ao céu, a fé mais uma vez se apresenta como elemento central. Por meio desse sinal, todos os presentes testemunham a manifestação da graça divina, e Lázaro é chamado para fora da tumba, retornando à vida. Aquele que se entrega à intimidade do Senhor não permanece em sepulcros ou regiões que simbolizam a morte, pois Deus é o Senhor da vida, vencedor do pecado e da morte.

A ressurreição de Lázaro evidencia a relação de amor que Deus nutre pela humanidade. Ao perceber sua fragilidade diante da morte, Ele vem ao encontro do homem, chama-o de amigo e restaura a sua vida, pois a experiência em Cristo conduz à libertação da tumba vazia, símbolo da miséria, solidão e pecado. Em nossa existência, corremos o risco de nos afastarmos do Senhor, transformando nossa própria vida em um sepulcro. Contudo, o Cristo que nos convida a crer em sua Palavra é, para nós, sinal de esperança e vida eterna. Jesus prefigura em Lázaro sua vitória sobre a morte e, assim, reafirma para o gênero humano que a ressurreição é uma realidade para todo aquele que assume seu batismo e coloca-se com o coração aberto para viver segundo a vontade do Senhor.

Autor: Darlan Luciano de Almeida- 3° ano da Configuração

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